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Texto: Helena Artmann
“O Rio de Janeiro é, provavelmente, a única cidade no mundo onde as pessoas atravessam um parque nacional para ir ao trabalho”, observa o antigo diretor do parque, Pedro Menezes. O carioca tem uma relação muito especial com a floresta, que proporciona um espetacular lazer gratuito traduzido em inúmeras trilhas para trekking e mountain bike, vias de escalada, rampa para a prática do voo livre e do parapente, asfalto para skate, cachoeiras, bicas onde o banho é permitido e uma vista da cidade de tirar o fôlego…
O Parque Nacional da Tijuca possui uma área de 3.200 hectares, um perímetro de 60 km e está situado no centro da cidade do Rio de Janeiro. Possui um relevo acidentado com seu ponto culminante a 1.021 metros de altitude, o Pico da Tijuca, e compreende um bloco isolado da Serra do Mar, conhecido como Maciço da Tijuca, abrangendo as serras de Três Rios e da Carioca e a Pedra da Gávea, com 842 metros, um incrível bloco de granito encravado à beira-mar. O clima é o temperado nas altitudes acima de 500 metros, chegando a 9 graus a menos que a temperatura da cidade, e o período de seca vai de junho a setembro – quando se torna ideal a prática dos esportes chamados de aventura.
A floresta da Tijuca é uma rara sobrevivente de um dos ecossistemas mais ricos e ameaçados do mundo, a Mata Atlântica, que possui, atualmente, menos de 10% de sua extensão original. Considerada por alguns cientistas como a floresta de maior biodiversidade do mundo, superando inclusive a Amazônia, a Mata Atlântica sofreu com o fato de estar extremamente próxima ao grande eixo populacional do Brasil. Atualmente, a floresta é considerada internacionalmente, ao lado das selvas da ilha Malgache, na África, como a mais ameaçada de extinção em todo o planeta.
Na Floresta da Tijuca, já foram catalogadas mais de 900 espécies diferentes de plantas onde se destacam o arco-de-pipa, o óleo-pardo, a tatajuva, o jacarandá, a paineira, o jequitibá, o pau-brasil e espécies raras de orquídeas e bromélias. Quaresmeiras roxas, ipês-amarelos, ipês-roxos e aleluias são os responsáveis por deixarem o parque todo colorido. As embaúbas-prateadas e nogueiras convivem harmoniosamente com uma espécie não nativa, o pinheiro-do-paraná. O eucalipto australiano, a mangueira e a jaqueira foram trazidos da Índia pelos colonizadores. O capim-colonião é uma praga que veio da África a bordo dos navios negreiros, servindo de cama aos escravos, e, infelizmente, também está presente nesta floresta.
A fauna ainda possui cerca de 230 espécies de animais e aves, como macaco-prego, sagüi-estrela (natural do nordeste), quati, cutia, irara, guaxinim, tatu, tamanduá-mirim, cachorro-do-mato, preguiça, gambá e esquilos-caxinguelê. Os pássaros mais fáceis de se observar são o beija-flor, beija-flor-besourinho, tangará-verdadeiro, vários tipos de sabiás, gavião, coruja, joão-de-barro, bem-te-vi, pica-pau e até tucanos. Entre os anfíbios encontramos diversos tipos de lagartos e cobras. Também encontramos vários tipos de aracnídeos e insetos. Infelizmente, não existem mais corças, onças e jacarés. Segundo dados do IPLANRIO, o município do Rio (não apenas esta floresta) serve de habitat para 107 espécies de mamíferos, 53 de anfíbios, 32 de répteis e 481 de pássaros (um número enorme, se compararmos os números europeus, onde existem 680 espécies de pássaros em todo o continente).
“O Parque Nacional da Tijuca está em uma área que tinha sido desmatada, onde as espécies de mata se desenvolveram tão bem que hoje não apresentam diferença de uma área nativa. É a prova concreta de que é possível fazer renascer áreas degradadas na Mata Atlântica. É o que os ambientalistas sempre propõem: recuperar o que se perdeu.” – João Paulo Ribeiro Capobianco, biólogo e ambientalista do Instituto Socioambiental.
O maior cartão-postal do parque é a estátua do Cristo Redentor, situado no morro do Corcovado, com 704 metros de altitude. A estátua foi entregue em 1931, mede 30 metros de altura por 28 de largura, foi feita de concreto e revestida de esteatita, em um projeto de Heitor da Silva Costa e execução do francês Paul Landow. Também é o Cristo o responsável pela maior receita do parque, por causa de sua visitação turística e do caro ingresso (a entrada para a sede do parque, situada no Alto da Boa Vista, é gratuita).
Como Chegar na Floresta: Pela Barra da Tijuca ou pela Usina: suba a estrada do Alto da Boa Vista até a Praça Afonso Vizeu, que fica em frente à entrada principal do Parque. Por Laranjeiras: subir a rua Cosme Velho até o final e seguir as placas para Corcovado e Paineiras. Por São Conrado: subir a Estrada das Canoas até o final, seguindo as placas para Corcovado e Paineiras. Vans e Micro-ônibus só podem entrar na Floresta da Tijuca com autorização prévia da direção do parque. A entrada de ônibus não é permitida na Floresta, devendo os mesmos ficarem estacionados na Praça Afonso Vizeu, perto do portão de entrada. Há ainda a possibilidade de ver o parque em um voo de helicóptero, com saídas do Mirante Dona Marta ou da Lagoa Rodrigo de Freitas.