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Texto: Tito Rosemberg
Há lugares que amamos porque lá passamos dias inesquecíveis. Outros porque sua beleza nos toca de alguma maneira especial. Favignana, uma pequena ilha de apenas 19 km2, em pleno Mar Mediterrâneo, nos toca pela sua luz e silêncio, cercada de água azul turquesa transparente. Parte do arquipélago de Egadi, Favignana, cujo nome vem de um vento quente que sopra na primavera, o Favonio (ou Zéfiro), situa-se ao largo da Sicília, na Itália, cercada pelas suas irmãs geológicas Marettimo e Levanzo.
Favignana já era mencionada há séculos como rota de passagem do mítico Ulisses, mas já em 241 antes de Cristo foi palco da batalha que deu aos romanos a primeira vitória contra os soldados de Cartagena.
Para chegar lá, pega-se o navio da Siremar, chamado de “traghetto”, ou o veloz aerobarco da Ustica Lines, que diversas vezes por dia liga todas as ilhas ao porto de Trapani, uma das maiores cidades da Sicília.
De uma forma ou de outra, em menos de uma hora podemos nos encontrar num cenário fascinante, entre rochas de cores fortes, que vão do amarelo ao preto, passando pelo vermelho e o marrom, e sua única pequena aldeia que transpira paz sob o sol quente da primavera. Do alto do Monte Santa Catarina, pertinho da cidade tem-se uma das mais belas vistas da ilha.
As paredes das simples casas que margeiam as ruas, praticamente sem tráfego, são pintadas no tradicional branco ou ocre, mas muitas vezes deixam à vista a rocha local utilizada na construção, que fazem uma superfície rugosa mas de belo efeito estético, pleno de histórias de um distante passado.
Há séculos Favignana vive da pesca do atum, até bem pouco tempo sua única fonte de renda. A temporada de pesca começa no final de maio com a famosa festa da “tonnara”, que é comemorada desde 1300, e que aqueles de estômago (ou coração) fraco, não devem assistir.
Nesta época todos os pescadores da ilha juntam-se formando uma equipe única e saem para o mar à bordo de grandes embarcações usadas exclusivamente para esta cerimônia.
Primeiro as enormes redes são preparadas no porto, com a participação de todos os pescadores da ilha. Depois elas são cuidadosamente colocadas à bordo dos barcos que partem para o alto mar em busca do atum, que em grandes cardumes passa pela ilha neste período.
O evento de grande dramaticidade tinge de vermelho todo o mar em volta. É a época da fartura! O atum é da melhor qualidade possível no Mediterrâneo, e sua saborosa carne é armazenada em vidros e exportada como um pequeno tesouro que o mar de Favignana oferece aos gourmets italianos.
No início da primavera, que aqui é em abril, Favignana começa a receber outro “cardume” que traz muito lucro para a pequena ilha perdida no oceano: o dos turistas, que também dão muito trabalho para “pescar” devido à concorrência das outras ilhas turísticas da Sicília: Ustica, Vulcano, Stromboli, Lipari e Pantelleria.
As pessoas vem de toda a Itália em busca do charme da ilha, que por sua simplicidade lembra muito a Saint Tropez dos anos 50, mas a maioria dos jovens que durante o verão inundam a ilha vem de Trapani apenas para o dia (e a paquera) e volta para casa à noite. Um dos pontos de encontro favoritos da alegre garotada que vem passar os finais de semana na ilha, é a rua principal, onde, como em todas as cidades de veraneio, a paquera atinge seu ápice.
Os mais velhos preferem sentar-se ao sol, nas mesas dos pequenos bares da praça principal, em frente à igreja, onde podem degustar seus sorvetes enquanto as crianças brincam sobre as pedras polidas que fazem o piso da “piazza”.
A melhor praia é a de Lido Burrone, a apenas 3km do porto, mas em todo o litoral podem ser encontrados pontos onde é difícil resistir a um mergulho no mar de um incrível azul turquesa transparente.
Devido ao seu perfil no horizonte, que lembra uma borboleta voando, Favignana é conhecida como “quella grande farfalla sul mare” (aquela grande borboleta sobre o mar), mas na verdade é pela leveza da vida que se leva, do ar puro que se respira e dos dias preguiçosos que nos esperam, que Favignana merece ser conhecida.
*Alugue uma bicicleta ou “scooter” para passeios mais distantes. Várias lojas oferecem este serviço.
*Há hotéis confortáveis começando em torno de 20 dólares o dia, mas as casas particulares alugam quartos. Como a aldeia é muito pequena, pode-se visitar todos os hotéis em menos de meia hora.