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Um dos maiores interesses dos mergulhadores é, além de explorar a fauna marinha, descobrir os mistérios que cercam os naufrágios em Ilhabela.
Formando verdadeiras “tocas” submersas ou recifes artificiais, estas embarcações tornaram-se morada para uma inesgotável variedade de espécies aquáticas (lar de tartarugas, polvos e peixes típicos de recifes) e denotam a arquitetura naval da época em que naufragaram.
Nas áreas Sul e Leste de Ilhabela verifica-se um dos maiores índices de naufrágios de embarcações de todo o Brasil apesar de, ironicamente, a ilha ser cercada de um mar quase sempre bastante calmo.
Fala-se em mais de 100 naufrágios permeando a costa da região, com embarcações que variam entre navios, veleiros e pesqueiros que alçaram esta bela ilha à condição de maior cemitério de navios do país.
Os avanços tecnológicos permitiram ao homem modificar enormemente a engenharia naval e torná-la mais segura nos dias de hoje. Este não era o cenário quando, em 1916, o famoso Príncipe das Astúrias foi a pique a 100 metros da costa, na Ponta do Pirabura, em uma tragédia onde morreram oficialmente 477 pessoas (especula-se que mais de mil tenham perecido) e que é até hoje lembrada pelos pescadores da região, gerando diversas lendas que são passadas através de gerações de ilhéus.
Os índios Tupinambás eram os únicos habitantes da região até o século XVI, quando piratas ingleses elegeram as enseadas da ilha como esconderijo para os seus navios, dadas às críticas condições de acesso e à inclemente neblina que os protegia de olhares indiscretos.
“Era por lá que os corsários guardavam os saques, provenientes de ataques a galeões espanhóis que transportavam o ouro embarcado nos portos de Bertioga, Santos e São Vicente. A neblina cerração ocasional e o contorno escarpado da costa fizeram do lugar um ponto vantajoso para os piratas mas, por outro lado, foram a ruína de inúmeras embarcações que se perderam em meio à névoa e foram estraçalhadas pelas rochas da costeira”, detalha Vitorazzo.
Para os mergulhadores iniciantes, são recomendados três dos naufrágios mais visitados, dado o seu baixo grau de dificuldade. São eles o Aymoré (1914; Praia do Curral; 3 a 7 metros), o Dart (1894; Itaboca; 5 a 15 metros) e o Velásquez (1908; Ponta da Sela; 9 a 20 metros).
Outros naufrágios, estes para mergulhadores mais experientes são o Concar (1859; Ponta da Pirassununga; 15 a 25 metros) e, eventualmente – dadas as condições climáticas – o Príncipe das Astúrias (1916; Ponta do Pirabura; 25 a 40 metros).
Abaixo uma lista com alguns dos naufrágios em Ilhabela registrados no SINAU – Sistema de Informações de Naufrágios – www.naufragiosdobrasil.com.br/sinau.htm que conta atualmente com aproximadamente 2.500 naufrágios cadastrados no Brasil.
Registros da Prefeitura de Ilhabela mostram 16 embarcações naufragadas, mas ainda existem mais 12 para serem confirmadas.
O navio espanhol Príncipe de Astúrias, foi considerado na época o mais moderno transatlântico da Marinha Mercante espanhola, na costa brasileira. Especificamente, o navio-correio da empresa Pinillos, que fazia a rota Barcelona – Buenos Aires, encalhou fatalmente na ilha de Ilhabela, a maior ilha brasileira, localizada no estado de São Paulo.
O dramático acontecimento ocorreu nas primeiras horas de 5 de maio de 1916, e estima-se que cerca de 600 pessoas tenham perecido, a maioria passageiros, e em maior medida aqueles que tinham passagens baratas: emigrantes, além de clandestinos. (um número indeterminado deles viajou nos conveses interpolados do navio a vapor, citando expressamente cerca de cem italianos fugindo da guerra).
As causas reais do naufrágio do navio ainda são desconhecidas hoje. O faco de tudo ter acontecido durante a Primeira Guerra Mundial, e de a marinha inglesa ter atravessado o Oceano Atlântico tentando controlar não só a presença de navios de guerra inimigos, mas também navios mercantes de países beligerantes ou neutros, como foi o caso da Espanha, introduz o primeiro elemento de suspeita.
Devemos lembrar, como colecionam José Carlos Silvares e Luiz Felipe Heide Aranha Moura, em sua obra Príncipe de Astúrias. Mistério das Profundezas’ (Magma, Editora Cultural; São Paulo, 2006), que havia depoimentos entre os sobreviventes que corroborariam a teoria do torpedeamento do navio.
Outra causa que tem sido especulada tem a ver com a data em que ocorreu o trágico evento: o carnaval. Embora seja difícil distinguir a verdade da especulação interesseira, algumas das pessoas que salvaram sua vida falaram de uma festa realizada a bordo e do suposto relaxamento dos oficiais do navio e de suas funções de controle de navegação.
A causa mais provável foi a falta de visibilidade, com chuva forte, e o possível desvio da agulha da bússola, motivado pelo aparelho elétrico.
O Museu Náutico de Ilhabela é uma opção para conhecer objetos resgatados dos naufrágios da ilha, sem ter que mergulhar. Se você quiser aprender mais sobre história e a cultura destes naufrágios, este é um dos melhores lugares para visitar na ilha.
O museu apresenta exposições sobre a história dos naufrágios em Ilhabela – incluindo o naufrágio do galeão espanhol Príncipe de Astúrias.
O acervo é muito rico e além das peças recuperadas, possui 21 painéis com informações e outro com a linha do tempo com as datas dos naufrágios e modelos em escala das embarcações Você também pode ver os restos de um antigo farol e alguns belos mapas antigos da ilha.
O museu está localizado nna Praça Coronel Julião, 115 – no prédio da antiga cadeia e fórum, no centro histórico da cidade. O local, tombado pelo Governo é também patrimônio histórico. Está aberto das 10h às 18h, todos os dias. Fica na antiga usina hidrelétrica de Ilhabela e possui também uma mostra sobre a produção de energia na ilha.
A entrada é gratuita